quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

As girafas



O animal mais alto do mundo, a girafa, pode afinal revelar-se como pertencendo a várias espécies, revela um novo estudo agora conhecido.

O estudo publicado na revista BMC Biology utiliza evidências genéticas para mostrar que podem existir até seis espécies diferentes de girafas em África.

Actualmente, as girafas são consideradas como pertencendo todas à mesma espécie, por sua vez dividida em várias subespécies.

O estudo revela que as variações geográficas do padrão da pelagem, claramente perceptíveis na zona subsaariana de África, sugerem isolamento reprodutivo.

"Utilizando técnicas moleculares descobrimos que as girafas podem ser classificadas em seis grupos reprodutivamente isolados e que não se cruzam entre si", refere David Brown, líder do estudo e geneticista na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).

"Os resultados foram uma surpresa para nós porque ainda que as girafas tenham aspecto diferente, quando as colocamos em jardins zoológicos elas acasalam entre si livremente."

O estudo também revelou que as duas subespécies de girafas que vivem mais próximo uma da outra, a girafa reticulada (actualmente classificada como Giraffa camelopardalis reticulate ) do norte do Quénia, que tem manchas arredondadas avermelhadas, e a girafa Maasai (actualmente classificada como Giraffa camelopardalis tippelskirchi) do sul do Quénia, divergiram entre si há 0,5 a 1,5 milhões de anos.

Estes resultados são interessantes pois as girafas são animais altamente móveis. O seu território geralmente cobre várias centenas de quilómetros quadrados e são capazes de deslocações de longa distância de 50 a 300 Km, o que significa que as diversas populações têm elevada probabilidade de se encontrar.

Brown acrescenta: "Não existem rios ou florestas que impeçam a procriação cruzada mas algum tipo de processo evolutivo está a manter os dois grupos separados."

Os investigadores sugeriram que esta separação pode estar a ser conduzida por diferenças ecológicas, como as diferenças de vegetação ou selecção sexual. "As fêmeas da girafa Maasai podem olhar para um macho de girafa reticulada e pensar 'não gosto de ti, não vou acasalar contigo'", explica Brown.

Brown também salienta as implicações de conservação deste estudo: "Juntar todas as girafas numa única espécie mascara a realidade de que alguns tipos de girafa estão no limiar da extinção. Algumas destas populações não ultrapassam algumas centenas de indivíduos e precisam de protecção imediata."

Ao longo da última década o efectivo conjunto das girafas desceu 30%, não ultrapassando os cem mil indivíduos. Espera-se que a classificação das actuais subespécies como espécies legítimas ajude a criar planos de conservação que salve as populações mais ameaçadas, onde se incluem:

- a girafa da Nigéria (actualmente Giraffa camelopardalis peralta), de que restam 160 indivíduos na África ocidental e central;

- a girafa Rothschild (actualmente Giraffa camelopardalis rothschildii), de que restam poucas centenas de animais, todos restritos a poucas zonas protegidas no Quénia e no Parque Nacional Murchison Falls, Uganda;

O estatuto destes animais está actualmente a ser alvo de uma revisão pelo Grupo de Trabalho Internacional para as Girafas (IGWG), que posteriormente informará a Lista Vermelha da IUCN sobre as espécies ameaçadas.

A investigação genética feita sobre as girafas foi financiada pela organização conservacionista americana Wildlife Conservation Society.

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